quinta-feira, 5 de abril de 2007

o velho sábio

No ombro direito, equilibrava um pedaço de pau com duas embalagens plásticas cheias d'água nas pontas. Os potes eram brancos, mas rotos, velhos e sem bordas definidas. O outro ombro ia mais alto, como que para demonstrar força. Aos 72 anos, aquele ex-soldador na Usina Cinco Rios possui quase nada na vida.
- Nem uma cabra eu tenho.
Mora embaixo de uma palmeira em Maracangalha. Todos os dias, busca água. Vive da aposentadoria mixa. Rala para comer. Mas ainda consegue rir da desgraça alheia, e da própria. Quando o avião caiu, trazendo R$5,5 milhões de dívidas aos maracangalhenses, o velho previu a desgraça. E ficou sentadinho no mesmo lugar, espiando os outros catarem problema.
- Melhor não ter nada do que viver fugindo de bandido.

Nenhum comentário: