quarta-feira, 27 de junho de 2007

embaúba sinfônica

Era fim de tarde e uma sinfonia de 36 pássaros verdes, pequenos como uma noz, amplificava-se pela rua. Alheios aos carros, aos gritos de crianças, aos esparsos fogos de artifício. os pássaros cantavam e brincavam de pular de galho em galho na velha embaúba esquecida no meio do matagal de um terreno baldio. Tão absortos na tarefa, não notaram a presença de um ser humano ao pé da árvore. Por que se incomodariam, afinal, com seres insignificantes e menos desenvolvidos na arte da poesia? Reduzida à condição de platéia invisível, a mulher ali parada, de ouvidos atentos, descobriu uma das funções do belo: acordar o espírito com novas saudades do porvir.

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