Olhou no espelho.
- Sou eu.
- Não sou mais.
- Ainda tenho o mesmo olhar.
- Mas o sorriso não vem tão fácil.
Chegou mais perto.
- Será que aí dentro continuo igual?
- Do lado de cá só vejo tua pele, tua casca.
- E dentro do meu olho?
- Nunca consegui mirá-lo.
Encostou o nariz no vidro gelado.
- Queria só parar o tempo.
- E eu queria um polimento.
Soltou um bafo para desenhar um coração.
- Quando eu era criança, adorava fazer isso.
- Você ainda é criança.
- Não sei. Acho que não sou mais.
- É. É sim.
- Prove.
- Simples. Eu ainda te sou um bom companheiro.
Filha
Há 11 meses
2 comentários:
Muito bom, como sempre. Ah, e obrigado por teu comentário lá no vídeo-poema. Desejo-te um grande ano repleto de criatividade.
Excelente miniconto. Vc se sai muito bem nesse tipo de narrativa. Este é um dos melhores já postados aqui, no meu modesto entendimento. Parabéns! Abr. (carlos)
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