domingo, 17 de junho de 2007

aquela mulher

Corpo nu no espelho. Desejo e desespero. A pele reflete raios do sol que não aquecem. É de manhã, mas não importa. Aquela mulher acordou noite. Sentia-se menor do que a imagem informava. O peito ardia, o ar não entrava, as mãos estavam frias e vazias e os pés doíam. O pescoço era uma rocha dura. Então, respirando fundo, decidiu-se. Quase sorri, febril. Movida por um reflexo inconsciente, olha para o lado, e o que vê a faz mudar de opinião. Para ela, suas dúvidas eram apenas uma parte invisível do universo de dores humanas. Para que sofrer ainda mais na defesa cega do egoísmo, da vaidade, do egocentrismo? Onde estava sua sabedoria milenar? Mirou o próprio rosto noturno de novo. Bem de perto. No fundo dos olhos, uma esquizofrenia emergente. Abaixo deles, olheiras. Perplexa, atordoada, e com medo de perder a razão, decidiu não decidir nada.

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