Meio da noite, insone, segurava o ar por muito tempo para que a respiração não interferisse. Queria escutar o silêncio do quarto, acompanhado por uma orquestra de estrelas-grilos e cachoeiras-carros ao longe.
Após vinte minutos de sinfonia, deitou no chão. Sem querer, encostou o ouvido no piso. Levou um susto. Mesmo estando no segundo andar do prédio, julgou captar o barulho das células do centro da terra se remexerem como bolhas na panela de água fervente.
Quando percebeu a riqueza da descoberta, quase berrou de alegria. Não teve tempo, pois nesse instante notou que podia escutar o caminhar das formigas vermelhas pela parede - perna ante perna, dezenas de insetos em marcha ruidosa. Um espetáculo.
Passou o resto da noite a descobrir silêncios. Feliz, adormeceu e sonhou com o que ainda não conhecia.
Filha
Há 3 meses
2 comentários:
oi, katherine, valeu pelo comentário. eu resolvi escaldar um pouco na resposta porque achei que aquele blog tava com um clima família demais, escritoras falando sobre como escrever é ruim, é uma maldição, ou é um dom, sei lá o quê.
oi, Kathy!
Venho te "espiando" e sabes que admiro há tantos tua alma poética e persona guerreira, que sintetizam uma habilidade rara de transformar em palavras um calidoscópio tão vasto de cores, luzes, sons e movimentos.
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