quarta-feira, 20 de junho de 2007

descobrir silêncios

Meio da noite, insone, segurava o ar por muito tempo para que a respiração não interferisse. Queria escutar o silêncio do quarto, acompanhado por uma orquestra de estrelas-grilos e cachoeiras-carros ao longe.

Após vinte minutos de sinfonia, deitou no chão. Sem querer, encostou o ouvido no piso. Levou um susto. Mesmo estando no segundo andar do prédio, julgou captar o barulho das células do centro da terra se remexerem como bolhas na panela de água fervente.

Quando percebeu a riqueza da descoberta, quase berrou de alegria. Não teve tempo, pois nesse instante notou que podia escutar o caminhar das formigas vermelhas pela parede - perna ante perna, dezenas de insetos em marcha ruidosa. Um espetáculo.

Passou o resto da noite a descobrir silêncios. Feliz, adormeceu e sonhou com o que ainda não conhecia.

2 comentários:

Wladimir Cazé disse...

oi, katherine, valeu pelo comentário. eu resolvi escaldar um pouco na resposta porque achei que aquele blog tava com um clima família demais, escritoras falando sobre como escrever é ruim, é uma maldição, ou é um dom, sei lá o quê.

chica disse...

oi, Kathy!
Venho te "espiando" e sabes que admiro há tantos tua alma poética e persona guerreira, que sintetizam uma habilidade rara de transformar em palavras um calidoscópio tão vasto de cores, luzes, sons e movimentos.