terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

toda manhã

Chove no rosto dela. E no corpo e na bolsa. Carla saiu de casa sem proteção. E de sandália. Agora anda pelas calçadas molhadas, sem marquises para abrigá-la. "Eu não tô nem aí pra morte/não tô nem aí pra sorte/eu quero mais é decolar toda manhã...", ela cantarola, pra si mesma. Arnaldo Baptista era seu herói. Então vai para o trabalho debaixo de chuva, e brinca com os pés com as poças do caminho, e tenta descobrir a temperatura da água testando-a com a língua sobre a pele do antebraço. São 7h30 da manhã, suas sandálias estão cada vez mais encharcadas. Chove no rosto de Carla, e ela sorri.

2 comentários:

Priscila Lopes disse...

Gostei de suas narrativas - leves fragmentos do cotidiano - bem escritas.

Não me recordo agora se já lhe falamos sobre o Cinco Espinhos, blog no qual criticamos e divagamos sobre literatura por meio de poesia. É para estremecer as bases mesmo, ver se essa onda que chamam "nova geração" consegue furar alguma pedra. Temos uma seção semanal para escritores ainda "desconhecidos" e outra intitulada "Como diria..." para os já consagrados porém moderninhos.

Apareça e enlouqueça.

Abraços!

doispontospontocom disse...

Agora estou sentindo o gosto dos seus escritos. Cada passo é um gosto diferente. Mil histórias e uma única palavra: cotidiano.