domingo, 20 de janeiro de 2008

adeus, alexandre

No caixão tinha tanto crisântemo. Subia um perfume de anjo. Mas o paraíso ainda não havia chegado ali. O rosto alterado pelo tiro dado na cabeça para fora da coberta de flores permitia que todos soubessem do ocorrido. Dizem que Alexandre, 17, foi morto pelas costas numa noite de diversão com os amigos, depois de manobras radicais em sua moto. Podia ter sido nosso James Dean, se Dean fosse preto, pobre, motoqueiro e vivesse em algum buraco do terceiro mundo.

São cinco horas da tarde e jovens empinam pipa perto da Quinta dos Lázaros. O sol segue seu curso normal, a terra continua a girar (você come pipoca no cinema, sua vizinha compra um chiclets na esquina, seu amigo vê Faustão e o Faustão está em todas as televisões que não passam o Show do Tom). Mas ali naquele velório desgraçado a noite assombra; uma escuridão que vai permanecer para sempre na memória dos amigos.

6 comentários:

Anônimo disse...

é foda. só com coisas desse tipo a gente acorda dessa letargia.

Anônimo disse...

Porra, Katherine, tu pega touro à unha. Abr. (carlos)

aeronauta disse...

Katherine, fiquei com um nó na garganta...

Sócrates Santana disse...

Particularmente, não gostei Katherine. Minha opinião pouco importa, mas seus escritos lembram muito a maneira sarcástica de Jean Wyllys escrever. É como ler o Nelson Rodriguez sem os chavões e os vícios de linguagem.
Também estou meio cansado de ensaios utilitaristas e pragmáticos. O realismo encheu o saco. Tudo isso parece muito com aquela fase chamada de realismo russo ou simplesmente realismo socialista. De qualquer maneira parabéns, escrev muito bem. Não ando muito disposto e estou descontando parte das minhas desilusões nos seus escritos. Até breve...

anjobaldio disse...

Triste realidade quotidiana...

katherine funke disse...

soul - nunca li o wyllys. não entendo nada de realismo russo ou socialista. apesar de não teres gostado, agradeço tua visita, o fato de ter se comunicado um pouco comigo, e espero que, quando voltar, esteja com menos desilusões...